Gripe aviária nos EUA: novembro de 2025 já registra quase quatro vezes mais casos que todo o ano passado
- Alessandra de Paula

- 30 de nov.
- 2 min de leitura

Até o dia 27 de novembro, os Estados Unidos já haviam confirmado 107 focos de influenza aviária de alta patogenicidade (H5N1) em rebanhos comerciais e de quintal – número que representa quase quatro vezes o total registrado durante todo o ano de 2024.
A velocidade do surto acendeu o sinal amarelo não só para produtores norte-americanos, mas para todo o comércio global de aves e ovos, incluindo o Brasil, maior exportador mundial de frango. Desde setembro, cerca de 8 milhões de aves foram sacrificadas só nos EUA para conter a disseminação. O vírus chegou mais cedo que o esperado: o primeiro caso comercial do ano foi detectado em Minnesota, principal estado produtor de perus, dois meses antes do início típico da temporada de risco. Aves migratórias, especialmente grous-de-sandhill, são apontadas como os grandes vetores, carregando o patógeno em rotas que cruzam continentes.
No Canadá, o cenário também é crítico: quase 8 milhões de aves eliminadas desde o início da onda atual. Na Europa, a Organização Mundial de Saúde Animal (WOAH) registrou 1.443 casos em aves silvestres entre setembro e meados de novembro – o maior volume para o período desde 2016 e quatro vezes superior ao mesmo intervalo de 2024.
Países como a França já elevaram o nível de risco para “alto” um mês antes do calendário habitual. Primeiro, porque qualquer prolongamento da crise nos Estados Unidos e Canadá pode abrir espaço temporário maior para o frango brasileiro no mercado internacional – especialmente na Ásia e no Oriente Médio. Segundo, porque o vírus não pede passaporte: rotas migratórias que passam pela América do Norte também tocam a América do Sul, e um único foco aqui seria suficiente para fechar portas importantes de exportação.
A lição é antiga, mas nunca foi tão atual: biosseguridade não é gasto, é seguro de vida. Granjas bem vedadas, controle rigoroso de entrada de pessoas e veículos, monitoramento constante de aves silvestres próximas e vacinação estratégica (onde autorizada) continuam sendo as armas mais eficientes.









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